O projeto de Belém avança na Câmara, é adequado que a bancada amazonense em Brasília, assim com as lideranças empresariais do Amazonas busquem diálogo com os paraenses
acritica.com
12/09/2025

O fato de o governo do Pará pleitear a instalação de uma zona franca na cidade de Belém, em moldes semelhantes aos da Zona Franca de Manaus, apenas atesta o sucesso absoluto do modelo de desenvolvimento amazonense, que há décadas se consolida como motor da economia do Estado, gerando empregos e desenvolvimento. A instalação de uma nova zona franca na Amazônia não significaria, necessariamente, concorrência direta com o projeto do Amazonas, até porque a proposta da deputada federal Elcione Barbalho prevê foco na bioeconomia. Não deve haver, portanto, uma migração de investimentos já estabelecidos por aqui, onde o foco se concentra na indústria de transformação.
Ocorre que a bioeconomia é um dos caminhos que a nossa Zona Franca precisa trilhar se quiser sobreviver ao fim dos incentivos fiscais, o que deve ocorrer em 2074. Hoje, parece um prazo distante, mas, pensando em uma transformação que torne o modelo atual em algo que independa de incentivos fiscais, pode ser até insuficiente. Há anos, estudiosos defendem que a Zona Franca de Manaus deve focar em produtos baseados na biodiversidade regional, que utilizem matérias-primas exclusivas da região, de maneira que o polo resultante – cosméticos, medicamentos, fitoterápicos, alimentos etc – seja capaz de caminhar com as próprias pernas, com ou sem incentivos fiscais, tornando-se, portanto, um modelo perene, sem prazo para acabar, diferente da situação atual da Zona Franca, que é temporal por natureza. A criação do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) é resultado direto desse pensamento.
Se a iniciativa paraense obtiver êxito, pode ser que haja certa limitação para o projeto de Manaus crescer na área da bioeconomia, haja vista as vantagens logísticas de Belém, fatores decisivos na atração de novos investimentos. Neste momento, em que o projeto de Belém avança na Câmara, é adequado que a bancada amazonense em Brasília, assim com as lideranças empresariais do Amazonas busquem diálogo com os paraenses para compreender a fundo o projeto da Zona Franca de Belém. Com diálogo e negociação, é perfeitamente possível chegar a uma situação de “ganha-ganha”, proporcionando benefícios mútuos. Resta saber se há disposição para tal.